A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, foi alvo de novos ataques na quarta-feira (2) durante uma audiência na Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados, presidida pelo deputado sul-mato-grossense Rodolfo Nogueira (PL) “Gordinho do Bolsonaro”.
Convocada para prestar esclarecimentos sobre temas como queimadas, desmatamento e a realização da COP-30 em Belém, Marina enfrentou ofensas pessoais e comparações ofensivas feitas por parlamentares da oposição, especialmente pelo deputado Evair Vieira de Melo (PP-ES).
Durante a sessão, Evair voltou a usar a expressão “adestrada” para se referir à ministra, alegando que sua atuação política seguiria a mesma lógica de grupos como as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), o Hamas e o Hezbollah.
“Esse modus operandi da ministra não é algo isolado. A estratégia dela é a mesma que as Farcs colombianas usam, que o Hamas, Hezbollah usam”, afirmou o parlamentar, que já havia feito afirmação semelhante em outubro de 2024, quando também presidia a comissão.
Visivelmente abalada, Marina reagiu: “Fui terrivelmente agredida. O que aconteceu aqui foi num nível piorado do que no Senado”, referindo-se ao episódio de maio, quando abandonou uma audiência pública após confrontos com senadores oposicionistas.
Durante a audiência na Câmara, Marina respondeu às críticas, reafirmando a importância do Acampamento Terra Livre, defendendo os servidores do Ibama e esclarecendo que as obras viárias previstas para a COP-30 são de responsabilidade do governo do Pará. Ao ser interrompida por gritos do deputado Cabo Gilberto Silva (PL-PB), que lhe pediu “calma”, Marina reagiu: “Olha, isso não é uma forma de se dirigir a uma mulher.”
A ministra ainda pontuou que o tom adotado por parte dos deputados carrega preconceito e machismo. “Quando vocês levantam a voz, dizem que estão sendo incisivos, contundentes. Quando uma mulher fala com firmeza…”, disse, sendo novamente interrompida.
A condução da sessão foi marcada por tensão, trocas de ofensas e acusações. O presidente da comissão, Rodolfo Nogueira, ironizou a ministra ao dizer que ela se comporta como “paladina da sustentabilidade”, enquanto aliados do governo denunciaram a falta de respeito à autoridade da ministra.
Marina encerrou sua participação dizendo estar tranquila e em paz após fazer uma oração antes da sessão. “Em termos de defesa do meio ambiente, que Deus julgue entre eu e vossa excelência e dê seu veredito”, declarou, dirigindo-se a Evair de Melo.
A postura da oposição gerou reações nas redes sociais e entre parlamentares da base governista, que acusam os deputados de promoverem ataques misóginos e racistas contra uma das principais lideranças ambientais do país.