A Santa Casa de Campo Grande ainda não tem previsão de quando deverá retomar as cirurgias eletivas no hospital, que estão paralisadas desde fevereiro. O centro médico confirmou que recebeu o repasse feito pelo governo do Estado, entretanto, a unidade espera resolver problemas internos antes de voltar plenamente em atividade.
Nesta segunda-feira, o governo de MS fez o pagamento da primeira parcela dos R$ 25 milhões prometidos ao hospital, provenientes de emendas parlamentares. Segundo o Estado, no depósito feito, foram repassados R$ 8.333.333,00 para o Fundo Municipal de Saúde.
A Prefeitura de Campo Grande, por sua vez, nesta terça-feira, publicou um extrato de aditivo no contrato com a Santa Casa para o envio pontual dos R$ 8,3 milhões do Estado, além de R$ 2 milhões do Executivo municipal.
De acordo com a publicação, esse valor seria referente a “efeitos retroativos à competência de fevereiro e abril”.
Ainda, no mês que vem, serão destinados mais R$ 2 milhões, valor referente a março e maio, além de outra parcela de R$ 8,3 milhões do governo de MS.
O hospital confirmou o recebimento desse valor, o qual resolveria o problema da falta de recursos e medicamentos na unidade, o que fez com que a Santa Casa suspendesse as cirurgias eletivas e restringisse o atendimento no pronto-socorro.
Entretanto, ainda não há uma previsão para que tudo seja retomado ao normal, pois, segundo o hospital, há uma série de negociações em curso com as categorias que tiveram seus salários atrasados durante o período de crise.
“A equipe da Santa Casa reconhece as dificuldades enfrentadas pelos pacientes e também pela instituição.
A suspensão de atendimentos eletivos e ambulatoriais continua em função dos atrasos salariais das equipes médicas, entre elas a de urologia, transplante de rins, ortopedia e cirurgia cardíaca”, diz trecho de nota enviada ao Correio do Estado.
“A diretoria técnica reconhece que houve um depósito de valores no Fundo Municipal [de Saúde] destinados à Santa Casa e que as equipes médicas já foram comunicadas. Compete à diretoria financeira o alinhamento para a distribuição dos valores aos médicos, mas isso já está sendo executado”, complementou o hospital.
Ainda de acordo com a Santa Casa, apenas após a “resolução do atraso com os prestadores” é que as equipes retornarão completamente.
CRISE
Na primeira quinzena de fevereiro, a Santa Casa de Campo Grande suspendeu a realização de cirurgias eletivas porque, segundo ela, havia um desabastecimento de insumos hospitalares, com diversos equipamentos e medicamentos usados no dia a dia para o atendimento aos pacientes e no trabalho dos servidores do hospital em falta.
No mês seguinte, em 24/3, o hospital enviou um ofício à Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) informando que estava com o seu pronto-socorro superlotado e que não teria mais condições de receber mais pacientes que não fossem de emergência.
No fim daquela tarde, havia 87 pacientes em um espaço onde deveria receber apenas 13 pessoas. No dia seguinte, essa quantia caiu para 76, mas as restrições continuam até hoje.
Ao Correio do Estado, no início deste mês, a Santa Casa afirmou que aguardava o recurso para o dia 20, porém, ele foi pago com antecedência.
REPASSES
De acordo com o governo de MS, somando o montante de R$ 25 milhões que está sendo repassado aos R$ 15 milhões que a administração estadual autorizou em outubro de 2024, a partir de um convênio com
o pagamento em três parcelas, e aos R$ 9 milhões destinados ao pagamento do 13º salário dos profissionais, o apoio ofertado à Santa Casa já chega a quase R$ 50 milhões.
“Essa mobilização reflete o compromisso do governador Eduardo Riedel com a saúde pública, priorizando ações que garantam o atendimento digno e contínuo à população”, declarou o titular da Secretaria de Estado de Saúde (SES), Maurício Simões Corrêa.
SAIBA
O repasse de R$ 25 milhões contou com o esforço de parlamentares da bancada federal. O maior valor foi repassado pelo senador Nelsinho Trad, que destinou R$ 12.571.000, seguido pela senadora Tereza Cristina
(R$ 6.609.000), pelo deputado federal Geraldo Resende (R$ 2.820.000), pela senadora Soraya Thronicke (R$ 1,8 milhão) e pelo deputado Luiz Ovando (R$ 1,2 milhão).