Deputado de MS protocola nota de repúdio contra Eliane Cantanhêde

A jornalista foi amplamente criticada nas redes sociais por um comentário sobre os ataques do Irã a Israel, ao qual se referiu como "uma mortezinha aqui, outra ali"
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O deputado federal Dr. Luiz Ovando (PP-MS) protocolou, na segunda-feira (23), um pedido de moção de repúdio após falas feitas pela jornalista Eliane Cantanhêde sobre o conflito entre Irã e Israel.

A fala foi feita no programa Em Pauta, na sexta-feira (20), exibido pela GloboNews, na qual ela se referiu aos ataques do Irã contra Israel, dizendo: “E os mísseis que efetivamente caem em Israel não matam ninguém. Tem uma mortezinha aqui, outra dali.”

Para o parlamentar, a jornalista relativizou a situação das vítimas e usou de ironia enquanto fazia seu questionamento ao colega de jornal, Jorge Pontual.

“Por que os mísseis de Israel destroem Gaza, matam milhares e milhares de pessoas, e os mísseis que saem do Irã e efetivamente caem em Israel não matam ninguém? Tem uma mortezinha aqui e outra ali, 23 feridos daqui e 40 dali. Feridos. Isso é o tipo de míssil ou o tipo de edificação e de proteção? As estruturas de Israel que são mais poderosas? Eu não consigo entender por que nessa guerra o Irã atinge o alvo e não mata ninguém.”

O parlamentar classificou o questionamento como uma “grave distorção ética e moral”, ao supostamente tratar com sarcasmo a dor humana e inquirir de uma maneira que, segundo ele, banaliza a morte em um cenário de guerra.

“Não se trata de liberdade de expressão, mas de irresponsabilidade deliberada. A jornalista ultrapassou qualquer limite ético, violando princípios constitucionais, como a dignidade da pessoa humana (art. 1º, III da CF), e os deveres profissionais previstos no Código de Ética dos Jornalistas”, afirmou Dr. Luiz Ovando.

A moção argumenta que a manifestação da jornalista não configura uma simples ironia fora de contexto, mas um comportamento que se aproxima das práticas de propaganda autoritária, ao desumanizar o outro e promover empatia seletiva, reduzindo vidas humanas a estatísticas manipuláveis.

“A liberdade de imprensa é pilar da democracia, mas não pode servir de escudo para a instrumentalização ideológica ou para o desrespeito à vida humana. Ao transformar a morte em motivo de chacota”, argumenta o texto.

Retratação

O modo como a jornalista se referiu ao conflito gerou revolta na internet. Na rede social X (antigo Twitter), a repercussão foi tão intensa que a Eliane usou sua conta pessoal para dizer que assistiu à gravação e pedir desculpas.

“Depois de rever a gravação da pergunta que fiz na sexta-feira, reconheço que me expressei mal e dei margem a conclusões equivocadas, que não representam meu pensamento, pelo que peço desculpas. A intenção foi fazer uma pergunta técnica sobre armamentos e sistemas de defesa”, escreveu Cantanhêde.

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