Foi prorrogado, pela segunda vez, a abertura de licitações para a aquisição dos tubos em aço carbono para a construção do gasoduto para fornecimento de gás natural à Arauco, gigante da celulose implantada no município de Inocência, a 330 quilômetros de Campo Grande.
O contrato de fornecimento firmado com a gigante chilena da celulose prevê o suprimento por 20 anos, a partir de 2027, com previsão de geração de receita de R$1,2 bilhão.
O primeiro edital divulgado para a abertura das licitações foi publicado no Diário Oficial do Estado no dia 30 de junho, com prazo para envio das propostas pelas empresas até o dia 14 de julho.
No entanto, no dia 09 de julho, foi publicado no DOE/MS a prorrogação do prazo para envio das propostas para o dia 30 de julho e abertura da sessão licitatória neste mesmo dia. O valor de referência foi classificado como sigiloso.
Ontem (7), no sistema de publicações oficiais do Estado, a MSGás comunicou alterações no edital, nos requisitos de habilitação e qualificação econômica e financeira; e nos anexos do contrato das licitações, nos pontos de especificações técnicas de materiais e nas folhas de dados técnicos.
Além disso, postergou, novamente, a sessão de abertura do certame, para o dia 21 de agosto, às 13 horas, no horário de MS.
Em nota, a MSGás informou ao Correio do Estado, as mudanças técnicas que passam a valer no edital para as licitações. Entre elas, o modo de disputa do certame, que deixou de ser Aberto (com lances) e passou a ser fechado (sem lances).
Deste modo, as empresas participantes não têm acesso às propostas umas das outras, como é no formato de “leilão”.
Além disso, também foi incluído um meio alternativo para a comprovação da saúde financeira das proponentes.
“Agora, além dos índices tradicionais (como Liquidez Geral, Liquidez Corrente e Capacidade de Endividamento), também será admitido o patrimônio líquido mínimo de 10% do valor da proposta, com vistas a ampliar o universo competitivo, permitindo que mais empresas possam se habilitar, e está em linha com práticas já adotadas em editais similares de distribuidoras de outros estados”, afirma a nota.
Com relação ao valor mantido em sigilo, a MSGás afirmou que “o valor é sigiloso por imposição legal da Lei 13.303/2016. A divulgação do valor autorizado para a contratação é excepcional, mediante justificativa da administração” e que o “sigilo do valor de orçamento segue a regra”.
Obras
O novo gasoduto terá uma extensão de 125 quilômetros, interligando a cidade de Três Lagoas até a mega fábrica, passando pelas rodovias MS-320 e MS-377. As obras devem começar em maio de 2026 com um investimento estimado em R$160 milhões.
A MSGás demonstra, com o contrato com a fábrica chilena, o intuito de viabilizar economicamente o fornecimento de Gás Natural Veicular (GNV) para o transporte pesado, tirando do papel o plano de interiorizar o gás natural em Mato Grosso do Sul.
A Diretora-Presidente da companhia, Cristiane Alkmin Junqueira Schmidt, já afirmou que a parceria entre as partes é um marco para o setor de energia no Estado e reforçou o preparo da MSGás para atender a nova e gigante demanda.
“A MSGás está preparada para atender à crescente demanda energética do setor florestal. Esta é a segunda parceria estratégica firmada no Vale da Celulose, somando-se à parceria com a Suzano, em Ribas do Rio Pardo. Estamos avançando no plano de interiorização do gás natural, com foco também na expansão do GNV para o transporte de carga com os corredores sustentáveis”, ressaltou em nota.
Arauco
A fábrica de celulose, em Inocência, deve ser abastecida com cerca de 400 mil hectares de eucalipto, e tem previsão de produzir eletricidade em larga escala em um ciclo fechado.
Além da fábrica em si, a energia é gerada para abastecimento dos alojamentos locais, o que gera um consumo 300% maior que toda Inocência, como revelou o diretor-presidente da Energisa MS, Paulo Roberto dos Santos.
“Inocência hoje, consome 2.5 megawatts de energia. Só os alojamentos já estão consumindo cerca de 10 megawatts”, afirmou Paulo Roberto no lançamento da Pedra Fundamental da fábrica em abril.
Atualmente Mato Grosso do Sul abriga três fábricas de celulose em atividade, sendo a da Suzano, que está em operação desde 2009 em Três Lagoas, a primeira entre as gigantes do setor.
Na mesma cidade, a Eldorado, do grupo J&F, funciona desde 2012, enquanto a terceira pertence à Suzano e fica em Ribas do Rio Pardo.
E, além do projeto da Arauco em Inocência, existem estudos para instalação de uma quinta unidade, desta vez em Água Clara, que deve ser erguida pela Bracell, o que apesar do acordo de confidencialidade, foi também confirmada em abril pelo diretor da Energisa.