No início da semana, torcedores foram pegos de surpresa pelo site Footy Headlines, especialista em vazamentos de camisetas de times de futebol, ao informar que a seleção brasileira teria uma camiseta vermelha na próxima Copa do Mundo, o que gerou diversas reações nas redes sociais, inclusive de políticos de Mato Grosso do Sul.
Historicamente, a cor vermelha é associada à esquerda, tendo como principais símbolos mundiais a China e a União Soviética (atual Rússia). No Brasil, o Partido dos Trabalhadores (PT), principal coligação liberal desde a redemocratização do país, também coloca o vermelho com maior destaque, igual outros movimentos de mesmo lado ideológico, como o Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST).
Do outro lado da moeda, nos últimos anos, o amarelo e verde esteve muito relacionado ao conservadorismo brasileiro, principalmente a partir das manifestações pró-impeachment de Dilma em 2014 e da ascensão de Jair Bolsonaro à presidência. E, obviamente, esses ideais não são diferentes em território sul-mato-grossense.
Com o suposto vazamento do interesse da Nike, fornecedora de material esportivo do Brasil, em substituir a camisa azul por uma vermelha no Mundial de 2026, os políticos do estado demonstraram suas opiniões nas redes sociais. A vereadora de Campo Grande Luiza Ribeiro (PT) gostou da ideia e disse já querer comprar a dela.
“Que coisa linda!!! Meus Deus!!! É isso aí arrasou. Tem que ser de todas as cores, o Brasil é multicolorido!!! Somos muitos e de todas as possibilidades!!! Agora vai!!!”, acrescentou.
Por outro lado, o vereador Rafael Tavares (PL) publicou uma montagem no seu Instagram com a camisa vermelha da seleção brasileira com patrocínios do PT, JBS, Petrobras, Correios e Odebrecht, além de colocar na legenda “juiz ladrão a gente já tem”, uma referência ao Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, que nos últimos anos foi alvo de protestos da direita por suposto abuso de poder.
O Dr. Luiz Ovando (PP), deputado federal por MS, foi outro parlamentar sul-mato-grossense que também se manifestou contra a mudança para a cor vermelha na segunda camisa, afirmando que seria uma “afronta à alma da nação” e que as cores da bandeira são sagradas, além de trazer a forte relação da cor azul com a história do futebol brasileiro, complementando que “o Brasil não se pinta de vermelho”.
Já foi usada, sabia?
Durante sua longa história, a seleção brasileira já vestiu uniformes de cores diferentes daquelas encontradas na bandeira, inclusive a vermelha. Em 1917, durante a disputa do Sul-Americano (atual Copa América), o Brasil tinha a camisa branca como principal, mas precisou alterar já que iria enfrentar Argentina e Chile, que também tinham a camisa branca como principal, e por isso optou pelo vermelho.
Em 1936, novamente durante a disputa do Sul-Americano, na Argentina, a seleção iria jogar contra o Peru, que tinha como a camisa branca como número 1. Com isso, o Brasil pegou emprestada camisas do Independiente (ARG), que tem o vermelho como cor principal.
Hoje, como prevê o estatuto da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) de 2017, em seu capítulo III, artigo 13, inciso III, a seleção brasileira só pode usar uniformes com as cores existentes na bandeira (amarelo, verde, azul e branco), com exceção para eventos comemorativos (sob aprovação da diretoria), assim como aconteceu em 2023, quando o Brasil jogou contra Senegal com uma camisa preta, em alusão à luta antirracista.
Nota da CBF
Com a repercussão do caso, a entidade se pronunciou oficialmente, na noite desta terça-feira (29), acerca da possível nova camisa:
“A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) esclarece que as imagens divulgadas recentemente de supostos uniformes da Seleção Brasileira para a Copa do Mundo de 2026 não são oficiais.
A entidade reafirma o compromisso com seu estatuto (os padrões nas cores amarelo tradicional e azul serão mantidos) e informa que a nova coleção de uniformes para o Mundial ainda será definida em conjunto com a Nike.”