Prefeitura de MS gasta quase R$ 800 mil com aluguel de balneário abandonado

Administração foi denunciada por um vereador do próprio município
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A Prefeitura de Paranaíba, comandada pelo prefeito Maycol “Maico Doido” Andrade (PSDB), foi denunciada por desperdiçar quase R$800mil com aluguel de um balneário que nunca funcionou. A denúncia junto ao Tribunal de Contas de Mato Grosso do Sul (TCE) partiu do vereador Maurício Bugrão (PL).

Conforme exposto, a administração firmou um contrato de aluguel com João Carlos Ferraz de Macedo, proprietário da Fazenda Água Boa, cujo terreno de três hectares deveria dar origem a um balneário municipal. O acordo inicial tinha duração de 20 meses, ao custo de R$19.290 mensais, totalizando R$385.800 mil, já pagos aos cofres públicos.

Após a reeleição do prefeito, em 2024, um termo aditivo prorrogou o contrato por mais 20 meses, até 2 de fevereiro de 2027, com reajuste de 7,02%, passando o aluguel para R$20.655 por mês. Nessa nova fase, serão somados R$413.100, elevando o total gasto a R$798.900.

“Está lá para quem quiser ver: a área alugada está fechada, degradada e sem qualquer função social. Isso mostra a total ineficiência na gestão dos recursos públicos por parte do gestor”, afirmou o vereador em recente sessão na Câmara Municipal.

Segundo a legislação, a prefeitura poderá ser responsabilizada por improbidade administrativa caso fique comprovado o desperdício de recursos públicos.

O conselheiro Leandro Lobo Ribeiro observou que os documentos e informações anexados à representação contêm indícios suficientes para autorizar o seu processamento, bem como a análise imediata do pedido de medida cautelar.

Em seu entendimento, Lobo constatou que o imóvel alugado permanece em total abandono, “o que reforça a justificativa de que o balneário não foi efetivamente implementado”, além disso, destacou que não há qualquer documentação que embasasse tecnicamente a prorrogação do contrato, como estudos de viabilidade, laudo técnico, parecer jurídico ou plano de uso, o que compromete frontalmente a motivação e a transparência do ato administrativo.

“A ausência de finalidade pública concreta, aliada à continuidade dos pagamentos mensais sem contrapartida real, configura-se como forte indicativo de violação aos princípios da legalidade, eficiência e economicidade (art.37, caput, da CF).”, destacou o magistrado, que suspendeu os pagamentos em caráter liminar.

Dessa forma, Leandro Lobo Ribeiro conclui que, em análise preliminar, há bases legais para acolher a cautelar, resguardar o patrimônio público e dar prosseguimento à investigação.

 

O prefeito já é alvo de investigação do Ministério Público Estadual por suspeita de evolução atípica de patrimônio desde o início de seu mandato,  de R$212 mil em 2020 para R$289 mil em 2024, aumento de quase 36%.

Os números apresentados nas prestações de contas do prefeito indicam que, até 2016, seu patrimônio estava na casa dos R$240 mil, com registros que remontam a R$55 mil em 2008, passando por variação e até declaração de saldo zero em 2010. A reportagem entrou em contato com o prefeito, contudo, não obteve retorno até o fechamento desta matéria. O espaço segue aberto.

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