Sem chuvas significativas até agora na região norte de Mato Grosso do Sul e no sul de Mato Grosso, o nível do Rio Paraguai está recuando, em média, quatro centímetros por dia. Com isso, já está abaixo de um metro em Ladário e começa a afetar o transporte de minérios, que é feito a partir de Corumbá.
No começo de outubro o rio estava em 1,79 metro na régua de Ladário, que serve como referência para a hidrovia. Nesta terça-feria (21), amanheceu com 96 centímetros, o que representa 83 centímetros em apenas três semanas. Ao longo dos 30 dias de setembro, o recuo médio diário foi de 3,4 centímetros. Em agosto, quando havia recém começado o período de vazante, a média diária era de apenas um centímetro.
Em 17 de outubro do ano passado o rio atingiu seu menor nível em 124 anos de medição, com 69 centímetros abaixo de zero. Depois desta data, porém, começou a subir, já que as chuvas mais constantes já haviam abastecido alguns dos maiores afluentes do principal rio pantaneiro.
Sem a dragagem do Rio Paraguai, que por enquanto não obteve autorização do Ibama, o transporte de minérios opera a pleno vapor quando o nível está acima de 1,5 metro em Ladário.
Depois disso, entre 1,5 metro e um metro, as barcaças normalmente descem pelo rio com cerca de 70% da carga, já que existe o risco de sofrerem danos ou ficarem encalhadas em quatro grandes bancos de areia no fundo do rio. A partir do momento em que fica abaixo de um metro, boa parte das barcaças não consegue mais descer o rio.
Se houvesse a dragagem, o transporte poderia ser feito a pleno vapor ao longo de todo o ano. Ambientalistas, porém, temem que essa dragagem possa alterar a velocidade do fluxo das águas e prejudicar o processo natural de cheias e vazantes da bacia pantaneira.
A tendência é de que o nível do rio em Ladário continue baixando ao longo das próximas semanas, pois até agora os rios em Cáceres (MT) e em Cuiabá seguem praticamente inalterados, apesar de o período de chuvas ter começado, no calendário, há 51 dias.
Outros dois importantes rios, o São Francisco e o Piquiri, também seguem recuando, conforme acompanhamento feito pelo Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (IMASUL). E, para piorar, o volume de chuvas das primeiras semanas de outubro não chega a um terço do previsto em praticamente toda a bacia pantaneira.
TRANSPORTE HIDROVIÁRIO
No dia 31 de dezembro do ano passado, apesar da seca história naquele ano, o nível do Rio Paraguai em Ladário já havia subido 1,81 metro e alcançado 1,12 metro na régua de Ladário. Por conta disso, desde o começo de 2025 foi retomado o transporte de minérios.
E, com mais água no rio, os primeiros oito meses de 2025 foram marcados pelo volume recorde de transporte de produtos pela hidrovia, com 6,623 milhões de toneladas, o que é 139% a mais que em igual período de 2024.
O volume supera inclusive aquilo que foi transportado em igual período de 2023, ano em que o rio superou pela última vez a barreira dos quatro metros em Ladário. Naquele ano, o volume transportado nos primeiros oito meses fora de 6,282 milhões de toneladas.
Boa parcela disso, de 1,3 milhão de toneladas, foi de soja, que foi carregada no terminal de Porto Murtinho. O embarque acima do normal ocorreu porque as indústrias argentinas foram excepcionalmente às compras naquele ano, já que a estiagem havia derrubado a produção no país vizinho. Em 2025, foram despachadas apenas 374 mil toneladas de grãos.
O responsável pelo recorde no volume transportado neste ano está sendo a mineração. Nos primeiros oito meses de 2023, que havia sido o melhor até agora, foram 4,73 milhões de toneladas.
Nos primeiros meses de 2025 o volume aumentou em 26% e chegou a 5,98 milhões de toneladas, conforme dados da Agência Nacional de Transporte Aquaviário (Antaq). O volume de minérios despachado pelo Rio Paraguai neste ano corresponde a cerca de 120 mil carretas.


