Safra de soja despenca no sul do Estado e preocupa produtores

A média colhida na região foi de 30 sacas por hectare, bem abaixo das 54 sc/ha estimadas em todo MS
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Na reta final da colheita da safra de soja 2024-2025 em Mato Grosso do Sul, com 98,3% da área concluída, os produtores da região sul enfrentam prejuízos significativos em grande parte das lavouras. Como antecipado pelo Correio do Estado em janeiro, algumas áreas registraram perdas superiores a 70% da superfície semeada, impactando diretamente a renda dos agricultores.

O boletim Casa Rural, elaborado pela Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Sistema Famasul), com base no Sistema de Informação Geográfica do Agronegócio (Siga-MS), aponta que 535 mil hectares sofreram avarias, enquanto apenas 124 mil hectares permanecem em boas condições.

A produtividade média esperada para o Estado é de 54 sacas por hectare, mas na região sul a estimativa caiu para 30 sc/ha, evidenciando o cenário desafiador. De acordo com o agrônomo da Nova Consult Ricardo Rigon, a produtividade média em algumas lavouras as quais atende não chegou a 20 sc/ha.

“No geral, a média ficou em torno de 30 sc/ha, mas teve bastante lugares que não compensou passar a máquina para colher, outras lavouras colheram acima de 50 sc/ha, que já paga os custos. Eu tive clientes de 20 sc/ha com menor produção e 56 sc/ha foi a melhor produção que atendi”, detalha o consultor da região sul do Estado.

Conforme publicado no mês passado, Mato Grosso do Sul é a segunda unidade da federação com a maior perda de produtividade em função do clima na safra 2024-2025, indica o Rally da Safra, promovido pela empresa de consultoria Agroconsult.

Ainda de acordo com a consultoria, o custo médio de produção na região sul foi de 51,7 sc/ha, o que indica que a maioria das lavouras não conseguiu cobrir os custos de implantação, agravando a situação financeira dos produtores.

O engenheiro agrônomo e consultor Ângelo Ximenes reforçou as previsões feitas em janeiro a imprensa, destacando que a estiagem, combinada com chuvas mal distribuídas, foi determinante para os resultados negativos.

 

“Eu avalio que no norte do estado de Mato Grosso do Sul não tiveram perdas, com uma produtividade bem interessante, acima de 60 sc/ha. Agora, aqui no sul, em Dourados, Caarapó, Laguna Carapã, Ponta Porã, Aral Moreira, Amambai, tiveram perdas significativas, de 40% a 45% de perdas mais no sul do Estado”, reafirma.

Outro especialista, o engenheiro agrônomo e consultor Otávio Vieira de Mello ressaltou que as últimas três safras já foram prejudicadas pela seca, reflexo do fenômeno climático La Niña.

“Na região do Guassu, a expectativa média de colheita era de 56 sc/ha. No entanto, estamos observando rendimentos em torno de sc/ha, o que levou muitos produtores a acionar o seguro agrícola”, diz.

ESTADO

O levantamento indica que 98,3% da área total, equivalente a 4,424 milhões de hectares, já foi colhida. A região sul lidera o avanço, com 99,2% da colheita concluída, seguida pelas regiões central e norte, com 97%.

Apesar das adversidades em algumas áreas, a safra estadual de soja 2024-2025 deve crescer 6,8% em relação ao ciclo anterior, alcançando 4,501 milhões de hectares. A produtividade inicial foi estimada em 51,7 sc/ha, com uma produção projetada de 13,977 milhões de toneladas.

Após a amostragem de 10,7% da área, a produtividade subiu para 54,4 sc/ha, um aumento de 11,4% em relação à safra passada, gerando uma expectativa de 14,686 milhões de toneladas, 18,9% superior ao ciclo anterior.

O boletim técnico detalha que 2,330 milhões de hectares, ou 52% da área total, sofreram estresse hídrico, especialmente nas lavouras semeadas entre setembro e meados de outubro do ano passado.

“Entre dezembro e janeiro, houve uma redução drástica nas precipitações, especialmente em janeiro, um mês crucial para a cultura da soja no Estado, pois geralmente concentra o período de enchimento de grãos”, destaca o documento.

Em Mato Grosso do Sul, 48,8% das lavouras estão em boas condições, 28,2% em condições regulares e 23,6% em condições ruins. As regiões nordeste (85,9%) e norte (76,6%) apresentam os maiores porcentuais de lavouras em boas condições, enquanto a região sul (18,8%) e a sul-fronteira (26,5%) registram os menores índices.

SAIBA

A produtividade final será consolidada após a obtenção dos dados de área, coletados por sensoriamento remoto, combinados com a amostragem de produtividade de, no mínimo, 30% da área.

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